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Sobre Ipês Amarelos

O mês de agosto é popularmente conhecido como o mês do cachorro louco mas, para mim, ele é favorecido como o mês dos “ipês amarelos”.
A primeira vez que vi (alias, que percebi sua magnífica existência) foi em 2004, quando fui a Aparecida com uma querida amiga, a Neila.
Durante a viagem, ao observarmos a bela paisagem natural existente na estrada, Neila me chamou a atenção ao fato de que, entre tantas árvores, se destacava uma árvore de flores amarelas, típica da passagem entre as estações inverno e primavera.
Desde então, os ipês amarelos passaram a fazer parte atuante da minha vida.
O ipê amarelo é, para mim, a imagem plasmada do Criador.
Quando estou na estrada, ou até mesmo na cidade e vejo um ipê amarelo, sinto como se Deus estivesse sorrindo para mim.
O encantamento que tenho com os ipês amarelos é exatamente o mesmo que tenho quando vejo uma criança (qualquer criança que seja).
É difícil descrever a sensação, permeada por um misto de esperança, alegria, conforto, amor e gratidão, muita gratidão.
E, viva! Aos ipês amarelos!

Gripe Japonesa

Estava em São Paulo na última semana de julho, para as aulas de pós graduação.
Aproveitei que uma amiga querida apresentaria sua qualificação de mestrado na USP, com o tema: “Caixas de brinquedos e brincadeiras: elementos de ressignificação da prática pedagógica em contexto” e resolvi prestigiá-la. Oha só o que me acontece no trajeto:
Acordo às 7hs (aliás, o despertador tocou às 7hs).
Bom, vamos lá:
Acordo às 7hs, troco de roupa, assalto a geladeira do meu irmão (quando venho à pós costumo ficar na casa dele).
Olho na janela, muita chuva e frio, estou doente e cheia de bagagem, não vai dar para ir de ônibus e metrô, então, chamo um taxi.
Chega um senhor japonês, grisalho, aparentando mais de sessenta anos, usando um aparelho auditivo.
Sorridente, me vê cheia de malas e me ajuda a guardá-las no carro.
Começamos nosso trajeto, trânsito engarrafado e taxímetro rodando, quando pergunto:
- São dez quilômetros de distância né?
- Não sei. – Responde o japonês, rindo.
- Pelo que vi no Google map, são dez sim.
- Viu na internet?
- Sim. – Respondi.
- Não sei usa computador então nem comprei.
- E GPS?
- GPS fala tudo errado, moro no Jaraguá e o GPS me faz dar muitas voltas para chegar lá.
Silêncio...
Curiosa em saber se ele veio do Japão (por que teimo que todos japonês vem do Japão?), pergunto:
- O senhor nasceu em São Paulo?
- Não, sou de Pedregulho. Cidade do Quércia. Conhece o Quércia?
- Não pessoalmente. – Respondo.
- Os pais dele moram em Pedregulho. Tinham um sítio pequeno e agora eles têm uma fazenda cheia de gado.
- E o senhor, tem fazenda lá em Pedregulho?
- Eu não (risos). Tenho um parente que planta café.
- Café dá dinheiro né?
- Depende. Acho que não. Choveu “granito” ontem. Pedra desse tamanho (fez uma bola com a mão).
- Mas é só uma fase ruim, logo o tempo irá melhorar!
- Vai sim.
Silêncio...
Entramos na USP, erramos o caminho, taxímetro rodando, pedimos informações e enfim chegamos ao nosso destino.
Ao descer do carro, aquele simpático senhor japonês (que não nasceu no Japão), abre o porta luvas, pega umas balinhas e diz:
- Balas de gripe japonesa.
- O que? Além da gripe suína existe a gripe japonesa? (pergunto rindo).
Ele ri e diz:
- Essa é da boa. Você vai sarar.
Nos despedimos e aqui estou eu, chupando essa bala ardidíssima enquanto escrevo! Na esperança de sarar logo dessa gripe e de ter uma voz menos rouca e máscula e claro, agradecendo pelo carinho e a simpatia do taxista japonês que veio de Pedregulho.
Alias, já repararam que os taxistas de São Paulo não são naturais de São Paulo?

Alimento para a alma

A prefeitura de Pindamonhangaba fez uma parceria com um espaço da criança situado em uma Instituição Espírita de Assistência a famílias.
Trabalho, de 3ª a 5ª feira, por meio período, na Brinquedoteca dessa Instituição.
De 6ª feira a domingo, as crianças que freqüentam o local são assistidas por voluntários do espaço.
Gostaria de compartilhar uma experiência que muito me emocionou.
Recebemos, às 3as feiras, alunos de uma escola pública próxima a Instituição.
O comportamento do menino V. de cinco anos de idade, me chamou a atenção desde o primeiro dia de sua vinda a Brinquedoteca.
O menino ficava o tempo todo em um canto, isolado, recusava-se a brincar e participar dos jogos e brincadeiras.
Tentava envolvê-lo àquele mundo mágico cheio de brinquedos, fantasias, carrinhos, bonecos, fazendinha... Mas, meu esforço sempre foi em vão.
A professora falava: “Não se preocupe, Melina, ele é emburrado mesmo, reclama de tudo, nada está bom para ele.”
Na sua terceira vinda ao espaço, tentei uma maior aproximação ao V. mas ele insistia em dizer: “Quero ir embora.”
Peguei-o no colo. Senti o quanto ele é levinho e pequeno para sua idade. Pareceu-me tão frágil que, cuidadosamente, embalei-o em meus braços e iniciei,
enfim, um diálogo:
- Preparamos a Brinquedoteca com muito carinho para você e seus amigos se divertirem e brincarem a vontade. Tem tanta coisa legal pra fazer. Conta para mim, por que você não gosta de vir aqui?
- Porque você é muito malvada.
- Por que sou malvada? O que eu fiz?
- Porque você não me leva lá no refeitório para comer pão, bolo e suco.
- Mas V., aqui na Brinquedoteca vocês ficam por pouco tempo e logo em seguida voltam para a escola que é super pertinho daqui e tomam lanche lá!
- Mas quando eu venho aqui no sábado a moça leva todas as crianças no refeitório e eu estou com fome.
- Mas hoje é terça-feira, só funciona a Brinquedoteca aqui. E não tenho a chave do refeitório. Você não comeu antes de ir para a escola?
- Eu como café com farinha mas a farinha da minha casa acabou e só o café me dá dor de barriga.
Engoli a seco, recordei o café da manhã maravilhoso que como todos os dias, e propus ao miúdo menino:
- Vamos fazer o seguinte: Você vai me ajudar a mostrar as cartinhas do jogo para os amigos aí o tempo vai passar bem rapidinho e você vai para a escola tomar um lanche bem gostoso que a merendeira está preparando!
Para a minha surpresa, o menino abriu um sorriso! Dei um beijo em sua bochecha e fomos jogar com as outras crianças!
O contato olho no olho que V. me proporcionou naquele momento encheu de alegria meu coração!
E o menino sentiu-se super importante por ser “a pessoa” responsável por mostrar as cartas dos jogos aos amigos. Interagiu, riu e depois ainda experimentou várias fantasias!
Ao final do atendimento, o menino veio despedir-se de mim e disse: Você é boazinha!
Desde então, V. freqüenta a Brinquedoteca com bastante entusiasmo, alimentando-se do prazer do brincar.