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Indignação

Estou tão chocada com as coisas que tem acontecido aqui em São Paulo, que preciso escrever para tentar tirar um pouco da angustia que corrói meu ser. Em janeiro fui assaltada na Rua 25 de março e a indiferença dos policiais perante a situação foi absurda. Alias, não sei por que existem policiais em cada esquina da 25 de março! Esse mês estava saindo do inglês, às 21h00, e fui com meu marido ao mini mercado Extra na Rua Pedro de Toledo, fomos apenas comprar sorvete e suco para receber meu pai e meu irmão que chegariam em casa, eis que entram 3 assaltantes armados, mandam abaixar a porta do mercado e fazem o rapa no cofre, caixas e nossas carteiras. Um grande susto que não me deixa dormir bem há 10 dias, que me faz pensar que escapei de uma troca de tiros, que escapei por pouco de morrer em vão. Um susto que me faz refletir o quanto nossa vida é frágil perante um assaltante armado, um motorista alcoolizado, alguém drogado... Pessoas, que, como disse um dos assaltantes “Eu não tenho mais nada a perder”. Presos ligam da prisão nos desesperando com “falsos sequestros”, exigindo todo o dinheiro que conquistamos de forma suada e estamos guardando para a compra da casa própria. Ei, por que será que não existem bloqueadores de sinal de celulares nas prisões?!? Por que os policiais tratam tudo como “Normal, vá fazer um B.O.”? Para que fazer B.O. se sempre tenho que pagar (caro) pelos documentos que preciso refazer? Por que a corrupção é tão permitida a ponto de um Renan Calheiros assumir a presidência do Senado e nossos abaixo assinados não valerem de nada?!? Como teremos voz?!? As coisas só mudam quando algo muito, muito bruto acontece, como foi o caso morte dos jovens na boate de Santa Maria. Lamentável!! A mim?!? Só cabe “amar as pessoas como se não houvesse amanhã” (do fundo do meu coração). Dizer aos meus familiares o quanto os amo e ser grata a cada momento de paz, alegria e conquistas que tenho na vida! A mim?!? Só me cabe tentar ser uma pessoa melhor que eu mesma a cada dia, estar atenta para colaborar com o desenvolvimento físico/psico/social dos alunos e clientes que recebo. A mim?!? Só me resta andar de bicicleta agradecendo por não me tirarem um braço e jogá-lo no rio, por não me atropelarem como seu eu fosse uma garrafa plástica que atiram pelas janelas do carro sujando as ruas! A mim?!? Só cabe agradecer a saúde que tenho, o marido que tenho e os amigos e familiares que tenho! E, a cada assalto ou susto no trânsito, dizer: Ufa, não foi dessa vez!

Programa MUITAÇÃO

Tive a oportunidade de compartilhar, durante um encontro da Rede Germinar, uma palestra que faço para estudantes do 3º ano do ensino médio, cursinho pré vestibular e estagiários de empresas. A Palestra interativa chama-se “O jovem, a profissão e a vida” e é interativa porque, através de uma abordagem pratica e participativa, convida os jovens a refletirem sobre a própria vida e a escolha da profissão, tendo como bibliografia geral a Antroposofia e Logosofia.
Ao terminar minha apresentação, uma das colegas multiplicadoras do Germinar veio me contar que ela e um grupo do Instituto EcoSocial partiriam na próxima semana para uma missão muito transcendente: O Programa MuitAção: Construindo meu lugar no mundo!
 Um programa de desenvolvimento e profissionalização para jovens entre 16 e 21 anos de idade, desempregados e em situação de vulnerabilidade social que tenham forte vontade de transformação e desenvolvimento.
Fiquei encantada com o Programa, já que muitos jovens dessa idade não têm assistência e precisam fazer escolhas profissionais e pessoais que necessitariam de um auto conhecimento gerador de convicções a respeito da própria vida.
Ao demonstrar todo meu interesse, fui convidada a fazer parte desse grupo e, com muita gratidão e abertura a grandes aprendizagens, estarei imersa, nos próximos 15 dias, em uma comunidade de São Paulo, nesse Programa de bem.
A metodologia do Programa MuitAção baseia-se nos pilares da antroposofia e os fios dourados que regem o programa são: Admiração (abertura ao mundo), Compaixão (sentir-se como é ser outra pessoa) e Consciência moral (agir com responsabilidade e moralidade).
Fiquei encantada com o material que recebi: O programa foi criado em 1998 por David Liknaitzky, na África do Sul, para fazer frente à problemática pós-apartheid de altíssima exclusão do negro na sociedade, aliado à sua condição histórica de submissão, com pouca condição de se colocar “em pé de igualdade” com o branco, em busca de uma posição no mercado de trabalho. No Brasil,  foi criado em 1999, sob a liderança de Maria Angélica Carneiro, com objetivo de adaptar o programa e sua metodologia à realidade brasileira, de alta exclusão social, baseada principalmente na pobreza.
Sou muito grata pela oportunidade e espero crescer junto com esses jovens e poder multiplicar esse Programa por muitas e muitas vezes!!
“Nós temos que ser a mudança que queremos ver no mundo” Ghandi

Vamos Germinar?!?


Minha primeira experiência no setor social foi na adolescência, participava do grupo 3S: Saliva, suor e sola de sapato. Visitávamos moradores rurais da cidade de Pindamonhangaba-SP e realizávamos um trabalho de doações, prevenção e promoção da saúde.
Na faculdade, fui voluntária no grupo de Alfabetização Solidária para jovens e adultos da região norte e nordeste. Além de encontros, contações de histórias e brincadeiras com as crianças do Lar da Criança Irmã Julia.
Minha experiência como educadora da rede publica me ensinou a não ter uma postura tão assistencialista (que a vida me mostrou que realmente eu tinha) e a começar a desenvolver uma conduta libertadora, capaz de estimular pessoas a reconhecerem o que fazem de melhor e o que querem ou precisam desenvolver.
Tenho um viés voltado para o lúdico, que privilegia a alegria da infância e do espirito jovem que habita em todos nós. Trabalhei como monitora de acampamentos, animadora de festas infantis (fantasiada de Emilia), e sempre tive um foco grande na educação infantil.
Em 2007, fiz um curso de formação de brinquedistas, e foi quando descobri que o brincar não era nada daquilo que eu imaginava e alimentava no meu trabalho e nas minhas atitudes.
Fazer a pós-graduação em Educação Lúdica e ter mestres como Wellington Nogueira (Doutores da Alegria), Zé Ricardo Grilo (Uno&Verso), Edgard Gouveia Junior (Instituto Elos), Fábio Brotto (Cooperar), Lucia (Palas Athenas) Luiza Lameirão (Waldorf) e Peo (Casa Redonda) e ser orientada por Adriana Friedmann, me mostrou um mundo que até então confesso que desconhecia.
Descobri um brincar verdadeiro, espontâneo, livre de preconceitos e “roupagens” e me infiltrei num mundo que eu chamaria de “encantamento natural”. Aquele que não precisamos de brinquedos, coisas, materiais ou dinheiro. Aquele que vem de dentro para fora e que emerge do contato com o outro, com a natureza, com aquilo que é verdadeiramente belo e natural.
Enquanto formanda do Curso de Líderes e consultores da ADIGO, participava de um encontro de consultores quando conheci Silvio Urbano. Dentre vários assuntos, que iam desde questões política/educacionais a “como cuidar de uma orquídea para que ela sempre tenha flores”, Silvio me apresentou o Germinar, programa de formação de líderes voltados ao Terceiro Setor, e todo trabalho que é desenvolvido, comentando que a próxima turma seria em Ubatuba e começaria no dia seguinte ao encontro. Muito entusiasmada com todo o Programa, me inscrevi, e fui, em um mesmo dia, de São Paulo a São Carlos e de São Carlos a Ubatuba.
Logo no momento de integração e apresentação da turma senti uma gratidão muito grande por estar entre pessoas tão especiais. Meu primeiro impacto foi o despertar para a simplicidade da vida e recordar/reconhecer quantas pessoas estão envolvidas indireta/diretamente em minha vida e sobrevivência.
Comer um peixe pescado por alguém do grupo e uma polpa de palmito Jussara colhidos por outros me gerou a seguinte reflexão: Quantas vezes já comi um peixe sem recordar todo o processo até ele chegar ao meu prato? – Neste momento me caiu a primeira ficha: Que tal passar a valorizar mais a simplicidade das coisas ao invés de ampliar as dificuldades da vida?
Fazer a carta para eu mesma e abrí-la após alguns meses foi muito emocionante e movimentou, de forma conjunta, meu pensar, sentir e querer.
A partir daí, fichas não pararam de cair e meu “orelhão” chamado “individuo integrado a natureza e a humanidade”, começou a se abrir e a ficar satisfatoriamente pesado com tantas fichas.
Se eu tivesse que definir o Germinar, o que foi o Germinar para mim, eu diria: Abertura. Me abri para o novo, ou para um novo velho ou velho novo que até então havia abandonado: EU MESMA. Compreendi que, para efetivamente ajudar ao próximo, mas ajudar de verdade, eu precisaria me ajudar primeiro, e foi aí que iniciei (sem data para terminar) meu caso de amor comigo mesma! E comecei a me questionar: O que eu quero? Quem eu sou? O que realmente é permanente na vida? O que realmente devo valorizar e priorizar?
Hoje vejo que tive, em 2011, um inverno de verdade, foi o inverno mais frio, turbulento e transformador: Mudar não é fácil! Para deixar de ser o que sou ou era, preciso deixar de fazer, pensar e sentir as mesmas coisas.
Em seguida, tive a primavera mais florida da minha vida: me perdoei de alguns “erros”, me separei de alguns problemas e pessoas, reativei coisas que me faziam bem e busquei novas experiências e amizades.
Meu verão, que de 40graus foi se tornando cada vez mais refrescante a partir da decisão que tomei, após o quarto módulo de germinar, de me tornar autônoma: da minha vida: pessoal e profissional!
Atualmente, tenho um projeto de palestras e vivências para alunos do ensino médio de escolas públicas e privadas, cujo tema “O jovem, a profissão e a vida” é destacado a partir dos arquétipos da visão integrada do ser humano e das organizações, abordando o pensar, sentir e querer e as pontes que ligam o individuo a organização, com a finalidade de auxiliar jovens na escolha sadia e consciente da profissão ou faculdade.
Quero participar da formação de multiplicadores, porque, depois que vi o livro do Germinar e li tantos relatos de pessoas que transformaram sua biografia e, consequentemente contribuíram para transformarem novas biografias, desejei: Quero aprender com essas pessoas e quero poder, de alguma forma, compartilhar tudo que já aprendi e vivi!
A palavra Germinar, não é por acaso, é um conceito de “plantar uma nova semente, uma nova forma de ver, sentir e atuar a própria vida” e o mais bacana: compreendermos que somos os únicos responsáveis pelas mudanças na nossa vida e que somos sim, capazes, de fazê-las por própria determinação.
Espero poder colaborar, de uma forma aberta e inteira, para que muitas e muitas sementes germinem nesses seres que já possuem, dentro de si, habilidades, conhecimentos e capacidades de serem melhores do que já são e contribuírem para que sua comunidade também se desenvolva.
Inspiro-me na história contada pelo Tiago Sartori, no 5º módulo, sobre um homem que queria ser o prefeito da cidade, o presidente do país, mudar o mundo, mas seus esforços iam em vão. Só conseguiu realmente mudar quando mudou a si mesmo e suas próprias atitudes, a partir daí começaram a ocorrer mudanças em sua família, com seus vizinhos, em sua cidade, em seu estado, em seu país, e hoje seus ensinamentos incentivam pessoas do mundo todo, a serem heróis de verdade e construírem sua jornada de herói com determinação, consciência, alegria e claro, encantamento

Quem somos nós?

Quantos de nós estamos fazendo exatamente aquilo que gostaríamos de estar fazendo?
            Existe em mim uma verdade com o fazer ou estou em defasagem fazendo o que não gosto?
O que me faz produzir algo que chega até o outro?
Quando preciso fazer uma escolha, o que aparece primeiro? O medo ou o conceito do medo?
E você, o que alimenta sua alma? O que te faz viver de fato? Vocações, vontades ou ilusões?
As conquistas do ser humano são conquistas imateriais, que nada tira da gente.
O que faz a gente andar e caminhar são justamente nossas dificuldades e são as que nos colocam em algo melhor.
Quando você faz algo com convicção, isso se perpetua de acordo com o tamanho do que você acredita daquilo que está fazendo.
Se realmente acredita no que está fazendo, transformará pó em ouro.
Pensar, sentir, agir, gerar, existir originalmente, unicamente, são simplesmente possibilidades de trazer para o mundo uma coisa única, algo inteiro, entendido dentro de todo este contexto maior de mundo.
Temos o desafio de colocar a cabeça, o corpo e os sentidos ao nosso favor. O que você faz só se concretiza de fato se você consegue tocar uma pessoa, se isso chegar em outra pessoa, ao coração e mente de outra pessoa.
Só chego à condição de ser humano, só compreendo o que é humano quando entendo o outro, isso é uma lei, só se vê o humano quando se reconhece o outro.
            Nosso desafio é o constante exercício de se entender naquilo que decide fazer da sua vida. É aprender a aprender.
            E a vida? É bonita e é bonita!

Caio é maior que C-A-T-A-R-I-N-A!!!

Recordo-me de uma experiência que vivi quando lecionava para crianças de 4 anos num colégio particular. Estabelecíamos um ritual de chegada o qual cada criança pegava uma tira de papel com seu nome escrito em letras de forma maiúsculas (chamávamos de crachá).

Era muito comum o aluno CAIO chegar e pegar o “crachá” da aluna CATARINA, não se conformando quando mostrávamos que seu crachá era o outro.

Um dia perguntei a ele:

- Porque você sempre pega o crachá da Catarina?

E ele me respondeu, com toda convicção:

- Porque sou maior que ela, então o meu crachá tem que ser maior que o dela!

Achei super interessante a relação que ele fez, demonstrando-se inconformado em ser um menino tão grande com uma crachá tão pequeno, enquanto a Catarina, uma das menores alunas da sala, tinha um crachá maior que o seu!

Brincar espontâneo

Maria Alice Proença, em seu artigo “Brincando com a arte”, cita: “A brincadeira e a arte são formas de experimentação de experiências, de múltiplos movimentos e de sensações, que alicerçam a maneira do sujeito estar no mundo”.
Compreendo que é nosso papel, enquanto educadores, estabelecermos relacionamentos e oportunidades ricas em desafios que sejam adequadas às condições físicas, afetivas, intelectuais e sociais das crianças.
É possível perceber que o brincar espontâneo proporciona divertimento e bem estar. Através dos tempos, de acordo com as idades, os interesses das crianças também se modificam pois, ao brincar, incorporam valores, regras, estabelecem relações interpessoais, deparam-se com desafios, resultando em um desenvolvimento integral.
A criança não precisa necessariamente de brinquedos, utilizando também materiais que servirão para representar uma realidade ausente, por exemplo, uma vareta de madeira pode se transformar em uma espada, um cavalo de pau, uma boneca, possibilitando o cultivo da imaginação através da abstração dos objetos reais, detendo-se no significado definido pela brincadeira.

A conquista do andar!

Há poucos meses, S., hoje com 1 ano e 3 meses, conquistou uma das mais importantes evoluções do ser humano: andar.
Seus olhos escuros como a jabuticaba, que antes só alcançavam o que sua mão tocava ou aquilo que estava à altura de um quadrúpede, agora podem enxergar além.
“A conquista do andar ereto é a aquisição motora mais fundamental, pois impregna toda a vida humana; o ângulo de percepção do mundo se modifica e a forma de apreendê-lo se amplia quando as mãos são liberadas da função locomotora. Para constatarmos isto basta que olhemos um objeto ou o ambiente deitados de lado, de bruços, em qualquer posição horizontal, e depois o vejamos em pé; ou ainda, se experimentarmos ir ao encontro do mundo em uma postura mais curvada, por exemplo, com a cabeça voltada para baixo, ou olhando com a cabeça virada para cima. Ampliamos nosso horizonte visual por meio da postura ereta, os movimentos do pescoço e do globo ocular possibilitam maior amplitude da visão. Torna-se necessário direcionar, focar a partir de si o que realmente se quer ver: Assim, desdeo momento em que conquistou a postura ereta, o ser humano buscará, por toda a vida, seu foco.” (Criança Brincando, quem a educa? - Luiza Lameirão).
Este triunfo permite ao menino explorar todos os espaços e andar, andar e andar.
Quando se desequilibra e cai no chão, S. distrai-se com algum “bichinho” ou “plantinha” e logo levanta-se novamente a procura do inexplorado.
Sente-se grande, já sabe andar! Quer andar sozinho, ficando irritado quando algum adulto quer auxiliá-lo nessa nova empreitada.
É interessante observar a determinação deste pequeno ser, ora andando depressa, ora devagar, ora desequilibrando-se mas jamais desistindo. Ao ouvir uma das professoras comentarem “Esse menino agora só quer saber de andar!” questionei-me sobre o que para ele seria esse andar e conclui que estes passos significariam sua nova forma de perceber e conhecer o mundo. Samuel é um menino privilegiado, aprendeu a andar na terra, na grama, no meio da natureza. Conhecerá o mundo a partir de sua exploração.